Ontem, por volta das 18h, um risco no céu intrigou alguns bauruenses. O brilho, semelhante a um rastro deixado por meteorito, chegou a ser chamado por alguns de “aeronave alienígena”. Apesar de menos crédulos quanto à existência de vida extraterrestre, especialistas consultados pelo Jornal da Cidade não conseguiram definir com certeza o que seria o fenômeno. Avião, satélite e até o ônibus espacial Atlantis estão entre as hipóteses mais prováveis.
O risco misterioso apresentava uma curva descendente e ficou por algum tempo no céu. À medida em que perdia altura, outro fenômeno próximo ocorreu. Mais um risco com características semelhantes também surgiu.
Segundo o meteorologista do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru e presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMet), José Carlos Figueiredo, o brilho é estranho, porém, ele acredita ser um fenômeno ótico.
“Pelo horário em que ocorreu, pode ser uma aeronave. Quando ela se desloca, forma aquele rastro de ar condensado por onde passa. Pode ter havido uma refração da luz do Sol nesse ar condensado e formado essa trilha brilhante”, explica o meteorologista, apontando ainda que o segundo risco pode ser outra aeronave, com o mesmo efeito ótico.
Para o radioamador Domingos Dias Sorze, entretanto, o fenômeno se trata de um satélite de telecomunicações que emite forte brilho. Segundo ele, essa luz intensa também é proporcionada por meio de um processo ótico.
“A posição entre a Terra, o Sol e esse satélite pode causar esse efeito. Tal conjunto de satélites seria o Iridium e é perfeitamente capaz de provocar isso. Quando um desses satélites, que é coberto de metal, reflete a luz do Sol, tem esse brilho forte. Vi esse satélite umas quatro vezes por acaso e é uma das hipóteses prováveis”, explica.
Ainda de acordo com ele, todavia, existe outra explicação possível. Pode-se tratar do ônibus espacial Atlantis (leia mais na página 20), que deixou a estação na tarde de ontem para sua última viagem de regresso à Terra.
“O ônibus voltará depois de amanhã para a Flórida, nos Estados Unidos. Pode ser que esse brilho visto pelas pessoas ontem em Bauru seja realmente a Atlantis. Também é uma hipótese que não pode ser descartada”, completa Domingos Sorze.
Estação
No mês passado, Danilo Pecaro Monteiro, graduado em Física pela Unesp, conseguiu fotografar do Observatório de Astronomia da instituição a estação espacial internacional ISS (em inglês, International Space Station). Na ocasião, a trajetória da estação formou um risco semelhante ao registrado ontem.
Entretanto, Monteiro descarta a hipótese de que seja a mesma estação espacial. “A estação podia ser vista a olho nu somente até ontem (anteontem). Agora, a previsão é de que ela possa ser avistada somente em agosto”, aponta.
Ele ainda explica que, no mês passado, quando fotografou a ISS, deixou o obturador da câmera aberto por cerca de 20 segundos, o que resultou na imagem do risco brilhante. “As fotos que foram tiradas pelo jornal (ontem) são sequenciais, ou seja, uma atrás da outra. Se fosse a estação, seria captado somente um ponto, como se fosse uma estrela”.
Desse modo, Danilo Monteiro acredita também que a hipótese mais provável para o fenômeno é de que seja um rastro formado por aeronave.
____________________Marte “ataca”?
Entretanto, mesmo com as hipóteses aventadas pelos especialistas, a imaginação de muitos vai deixar o mistério no ar. Alguns, com certeza, vão enxergar no fato mais uma prova de que não estamos sozinhos no universo.
Nos últimos anos, a região de Bauru vem sendo constante cenário de possíveis aparições de naves alienígenas. Uma das mais famosas e que percorreu todo o Brasil por meio da Internet foi uma gravação feita em Agudos em fevereiro deste ano.
No vídeo, alguns rapazes flagraram um suposto Objeto Voador Não Identificado (Ovni) que soltava uma cápsula na Terra e, após um clarão, desaparecia.
Entretanto, não foi daquela vez que Marte nos atacou. Poucos dias depois do surgimento do vídeo, descobriu-se que tudo fazia parte de uma campanha publicitária feita por uma empresa de Lençóis Paulista para uma marca de embalagens.
Fonte: Jornal da Cidade de Bauru
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ResponderEliminarRastro de luz no céu também foi observado na França e Inglaterra
Um rastro de luz semelhante ao que foi visto no início da noite de anteontem em Bauru também foi assistido por moradores do oeste da França e em vários pontos da Inglaterra. O fenômeno, registrado nove horas antes de o brilho ser visto no céu bauruense, foi noticiado pelo jornal Le Figaro.
Especialistas ouvidos pela publicação afirmaram que a hipótese mais provável é de que o risco iluminado tenha sido provocado pela queda de um meteorito. Em Bauru, cogitou-se a possibilidade de o fenômeno ser o rastro de um avião, um satélite ou até o ônibus espacial Atlantis, que deixou a estação na tarde de anteontem para sua última viagem de regresso à Terra.
Na França, testemunhas relataram ter visto uma enorme bola de fogo - inicialmente branca e depois vermelha - que percorreu o céu em alta velocidade, explodiu e sacudiu residências. Pesquisadores explicaram que a luz branca intensa corresponde à entrada do meteorito na atmosfera. Ao ultrapassar as camadas mais densas e entrar em contato com os gases do ar, as forças de atrito teriam aquecido a pedra, fazendo com que entrasse em combustão.
“Quando um meteoro entra na atmosfera, sua velocidade é bem superior a do som. Em seguida, desacelera rapidamente e pode voltar à velocidade do som, causando uma onda de choque”, afirmou ao Le Figaro o diretor de estudos e informações sobre os fenômenos aeroespaciais não identificados (Geipan), Xavier Passot.
Embora não seja possível negar ou afirmar que o brilho visto na Europa seja o mesmo assistido pelos bauruenses, os especialistas consultados pelo JC descartam que o fenômeno ocorrido na cidade por volta das 18h de anteontem seja um meteorito. Segundo o meteorologista do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru e presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMet), José Carlos Figueiredo, a trajetória feita pelo objeto - uma curva - não se assemelha à de um meteorito, que se locomove de maneira retilínea e descendente.
Por este motivo, para ele, há grandes chances de o rastro ser resultado de um fenômeno ótico provocado por alguma aeronave. “Em Bauru, o objeto fazia uma curva esquisita. Deve ter sido uma aeronave que se deslocou, formando um rastro de ar condensado. Pelo horário em que ocorreu, pode ter havido uma refração da luz do Sol nesse ar condensado e formado essa trilha brilhante”, explica o meteorologista.
A observação de um meteoro em si é muito menos surpreendente. Várias toneladas de material não-terrestre, a maioria deles equivalente a um grão de areia, atravessam a atmosfera da Terra todos os dias. Mesmo os meteoros com diâmetro maior, ao entrar em contato com a atmosfera, se desintegram em partículas menores e, na maioria das vezes, atingem o solo sem nem mesmo serem notados.
Fonte: JCNET
http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=211993